Alienação
Por João Batista Lago
O que faço
neste espaço?
Solitário e só
planto-me
em campos
de alienação
já sem-esperança
de ser-me a mim
tão-somente em mim.
Se puro nascido
logo alienado
fui produzido
no úbere da mater,
da santa família,
da educação,
da religião.
Alienado eu sou – então –
desde o primeiro chão
no suor da labuta;
e assim - desde sempre -
em confusa luta,
tateio (vida-ermo) feito
solitário errante-enfermo.
[...]
O que faço
neste espaço?
A Terra, meu cangaço...
O Humano, meu assassino...
A Palavra, minha hipótese...
Deus, meu condomínio...
O que faço
neste espaço?!
[...]
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Contradições
Por João Batista do Lago
Quem tu és?
Perguntaram-me certos dias.
Nunca imaginei
A questão assim
Tão saliente
Antes, porém
Pensei na Filosofia
Aquilo parecia alegoria
Quem sou?!
- Sou abstrato
- Sou concreto
Quando verdade
Sou mentira
Na realidade
Se me penso livre
Estou preso na cidade
Onde não há liberdade
Acredito-me crente
- ah, esse tolo inocente
é apenas um ser carente
Sou um socialista...
Anticapitalista eu sou.
Síntese: um mero sofista
Sou o todo
Também parte sou
Resultado: sou único
Sou o ator
Sou o teatro
Sou tragédia e dor
Sou o vernáculo
Na inação da nação
Sou sem-linguagem
Sou o sim
Assim o não eu sou
Da certeza a incerteza
Do inicio sou o fim
Da explosão sou a poeira
Recluso da terra-lixeira
Quando sou noite
Do outro lado estou dia
Antiduplo em sodomia
Assim eu sou
O perto e o longe
O diabo e o monge
Do amor sou o ódio
Do verso a não-palavra
Apenas rima sem lavra
Assim sou eu
Se crente sou ateu
Do humano o pigmeu
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Estética
Por João Batista do Lago
Não sou, sob hipótese qualquer
- como pretendes fazer crer -,
engenheiro de pedras-mortas;
sou arquiteto da Palavra em água.
Não sou, sob hipótese qualquer
- como pretendes fazer crer -,
engenheiro de formas tortas;
sou arquiteto da Virtude da água.
Não sou, sob hipótese qualquer
- como pretendes fazer crer -,
o engenheiro de paredes em desalinho;
sou arquiteto do Belo que se há no mar.
[...]
Sou engenheiro da Palavra,
Arquiteto da Virtude e do Belo.
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Eunomia
Por João Batista do Lago
Não sou filho,
Apenas - e só,
da Idiotia.
Mas sou filho,
Apenas – tão só,
da Política:
na transcendência
sou imanência;
do divino
sou o profano;
da exterioridade
sou a subjetividade;
da phisys
sou o espírito;
no sensível
sou res extensa
no inteligível
sou res cogitans
..............
Sim, sou filho
Apenas – e só:
da Metafísica,
da Matemática,
da Ilusão e
assim sou Razão.
..............
Sou Zeus.
Sou Mito.
Sou Deus.
..............
Sou tríade: Idéia Absoluta.
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2 comentários:
"...Assim eu sou
O perto e o longe
O diabo e o monge..."
... assim tu és...poesia!
Adorei ler teus poemas!
Que mais dizer? Como se pode comentar, quem respira poesia?
Um abraço carinhoso ;)
Parabéns pelas poesias!!!
Sucesso.... vc um grande poeta e escritor, um ser iluminado por Deus!!
Um abraço carinhoso
Dag
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