domingo, 28 de outubro de 2007

IMAGINEI FAZER UM POEMA DE AMOR

IMAGINEI FAZER UM POEMA DE AMOR

© by João Batista do Lago

Imaginei fazer um poema de amor
Cantar a beleza da vida
Falar dos rios – e dos peixes
Conversar com os animais
Sentar-me à sombra de uma mangueira
Escutar a voz do vento
Ouvir a sinfonia da floresta...

Imaginei...
Imaginei fazer um poema de amor!

Mas como cantar a vida
Se dela toda sorte é toda morte?
Como falar com os rios – e os peixes –
Se deles restam apenas sorte?
O que conversar com os animais
Se eles são apenas restos mortais?

Imaginei...
Imaginei fazer um poema de amor!

As mangueiras sem sombras estão
São sós carvão e brasa – e fogo –
O vento - quanta magia! – já não assovia
Virou aluvião: pavor e inundação
As florestas! Ah, essas então, pedem socorro
E executam em pranto seu último réquiem

Imaginei fazer um poema de amor
Mas toda miragem lírica era somente dor!

EUNUCO

EUNUCO

© by João Batista do Lago

Ah! Essa tola e infantil vaidade
Ainda sequer pela vida gerada
Imbecil e arrogante mocidade
Entulho da verdade famigerada

Desfila sua arrogante jovialidade
Julga-se da Poesia o grande Apolo
Ó, eco de velhos casarões da cidade
Indigno de dizer-se: “- Extrapolo!”

Desconhece a humildade necessária
Arroga-se agora deus da palavra (e)
Fere de morte o Templário que lavra
Sua triste e torpe alma desnecessária

Condenada a penar por séculos afins (a)
Infeliz mocidade aventureira da sorte
É verme sem versos da cidade que morre
Prenhe de demônios que se julgam serafins