IMAGINEI FAZER UM POEMA DE AMOR
© by João Batista do Lago
Imaginei fazer um poema de amor
Cantar a beleza da vida
Falar dos rios – e dos peixes
Conversar com os animais
Sentar-me à sombra de uma mangueira
Escutar a voz do vento
Ouvir a sinfonia da floresta...
Imaginei...
Imaginei fazer um poema de amor!
Mas como cantar a vida
Se dela toda sorte é toda morte?
Como falar com os rios – e os peixes –
Se deles restam apenas sorte?
O que conversar com os animais
Se eles são apenas restos mortais?
Imaginei...
Imaginei fazer um poema de amor!
As mangueiras sem sombras estão
São sós carvão e brasa – e fogo –
O vento - quanta magia! – já não assovia
Virou aluvião: pavor e inundação
As florestas! Ah, essas então, pedem socorro
E executam em pranto seu último réquiem
Imaginei fazer um poema de amor
Mas toda miragem lírica era somente dor!
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