quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Viva! Viva! Viva! Vida longa aos senadores "Sem-voto"

Viva! Viva! Viva!
Vida longa aos senadores "Sem-voto".

De João Batista do Lago


Viva! Viva! Viva!
Mil vezes viva!
E viva mais uma vez!

Vida longa aos senadores sem votos
Vida sortida aos párias da pátria
Vida feliz a quem nunca fez nada
Vida alegre aos canalhas de gravatas

Resta para ti, ó santo povo ignaro...
Entrudo que se vai festejando no Carnaval do nada
Sem saber que entre uma dose de cachaça e um pó de arroz no rosto
Vão-te roubando a dignidade
Enquanto entoas a marcha dos deserdados.
Enquanto sambas tua miserável sorte,
Não percebes que bastam três dias para te levarem
- Por um ano inteiro –
À toda morte.
E sambas!
Sambas fagueiro como brasileiro trigueiro dos cantos dos teus verdugos.
Sambas sem saber que velas tua fome e tua falta de trabalho; teu filho sem escola e tua mulher pedindo esmola pelas esquinas do Brasil.

Sambas, ó brasileiros dos canaviais!
Sambas sem saber que todos os teus ideais vão ser furtados nos polpudos salários que irão sustentar a imoralidade dos “Sem-voto”, que se instalam nas mesuras senatoriais.

Sambas, ó letrados de fardas!
Sambas como carrascos que se escondem sob a toga das letras e do direito,
Sentados nas poltronas da inconsciência.

Sambas, ó poetas e trovadores brasileiros!
Sambas sob a inspiração do verso que não traz em si a dignidade da nação, mas sustentas no teu sonhar o verso lírico da alienação.

Sambas, ó trabalhadores, exército de desesperados!
Sambas sem a preocupação de saber que na quarta-feira serás apenas cinza…
E como cinza retornarás à cruz dos desempregados.

Enquanto isso, lá para bandas do planalto
Uma casta se refastela. Ri desbragadamente da tua desgraça. Bebe teu sangue como o mais puro champanhe. Come o teu fígado como o mais saboroso dos caviares.
E embriaga-se com vinho da tua inconsciência.
E dizem-se:
Viva! Viva! Viva!
Mil vezes viva!
E mais uma vez: Viva!

Viva a nação brasileira,
Viva a mulata trigueira,
Viva assim o brasileiro,
Povo manso e trigueiro.
Viva, ó Brasil varonil, viva!
Viva, ó irmão brasileiro,
Brinques o teu Carnaval
Deixai por nossa conta
Tomar em conta este canavial
Fazer do público dinheiro
Nosso eterno carnaval