segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

INFERNO

INFERNO

© De João Batista do Lago

Quem me dera morto havê-lo nascido
A rosa que de mim tão bela não teria murchado
A vida não me houvera como sacrifício
E eu nas alamedas cortando a selva de pedra com o machado

Quem me dera morto não teria crescido
Feito lobo faminto dessa selva de ensandecidos
Não mostraria os dentes para saldar os já vencidos
Desta guerra sem fim dos que em si nunca foram nascidos

Quem me dera morto a rosa sobreviveria
Porque vivo as pétalas choram em mim o eterno
Sabem do tormento que é viver nesse inferno
O morto que mesmo vivo é preso de sua cadaveria
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ALEGORIA



ALEGORIA
© De João Batista do Lago

Quando em vez o irmão da morte
Abraça-me com carinho;
Me faz carícias,
Promete a experiência de novas visões;
Diz que viverei o encanto d’outras belas jornadas,
Que não me arrependerei ao trilhar essas estradas.

Quando em vez sou tentado ao convite:
Viver a magia dos sonhos;
Perder-me nos encantos das bacantes
De deusas oníricas do não-Ser;
Desfalecer feito adolescente
No rubro colo dessa realidade ausente.

Quando em vez aceito a taça do cansaço!
Então, embriagado, o irmão da morte
Me serve o último trago:
sonhos que logo desfaço

Ao ouvir a voz da Sabedoria,
Que logo me alerta contra tais alegorias:
- Junta-te a Dionísio, pois terás muito tempo para dormir.
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Crédito da Ilustração: http://www.rainhadapaz.com.br/projetos/artes/imagens/im_quatrofases/S_alegoria.jpg
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