quinta-feira, 2 de setembro de 2010
SICOFANTA [© DE João Batista do Lago]
sexta-feira, 18 de junho de 2010
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Ut�pica Intui��o (III)
Ut�pica Intui��o (III)
� DE Jo�o Batista do Lago
Teu discurso vi�s
Antes ser uma utopia
� tua distopia
Deblaterada a toda na��o.
V�-se nele o topos
Da tua indignidade
Que como s�tira �
Deblaterada do teu p�lpito
Solit�rio
Onde s� os vermes
S�o capazes de
Absorverem como alimento
Sagrado:
H�stia que te imp�es
Diante dos olhos de
S�ditos (tamb�m!) inconfessos
Nos quais te ap�ias
Para sustentar o teu
Or�culo.
Nossa utopia � a
Dignidade
� toda virtude
Efetivada no canto da sereia
Prestes a parir a
Paid�ia.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Ut�pica Intui��o (III)
Ut�pica Intui��o (III)
� DE Jo�o Batista do Lago
Teu discurso vi�s
Antes ser uma utopia
� tua distopia
Deblaterada a toda na��o.
V�-se nele o topos
Da tua indignidade
Que como s�tira �
Deblaterada do teu p�lpito
Solit�rio
Onde s� os vermes
S�o capazes de
Absorverem como alimento
Sagrado:
H�stia que te imp�es
Diante dos olhos de
S�ditos (tamb�m!) inconfessos
Nos quais te ap�ias
Para sustentar o teu
Or�culo.
Nossa utopia � a
Dignidade
� toda virtude
Efetivada no canto da sereia
Prestes a parir a
Paid�ia.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Ut�pica Intui��o (II)
Ut�pica Intui��o (II)
� DE Jo�o Batista Lago
Lavas minha utopia
Que do teu corpo sangra
Da mais profunda cavernosidade
A possibilidade �nica do existir...
E desse eterno ventre
Ou�o apenas o fremir do
Verbo que jamais ser� carne
Na tessitura das almas...
(todas as almas!)
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Ut�pica Intui��o
Ut�pica Intui��o
� DE Jo�o Batista do Lago
Intuo da minha utopia
Toda possibilidade da
Minha mundidade v�rsica
Distendida no Corpus da presen�a
Vago-a mundanamente
Entre meus dedos prenhes de
M�os vazias sequeladas pelo tempo
Donde todos instantes s�o agora irrealidades
... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... . ... .
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Sincronicidade
Sincronicidade
� DE Jo�o Batista do Lago
Aquietai-vos!
Minhas palavras s�o apenas marcas duma raz�o instintiva
Provocadas pela �nsia de s�culos de solid�o
N�o h�, portanto, qualquer raz�o
Para o choro convincente de almas penadas
Gemas de ovos que circundam a eternidade
Entendei-me!
N�o vos falo da ignor�ncia do ser do indiv�duo
Convoco-os, entretanto, para a ceia da possibilidade do sujeito:
Tudo que se diz de si � sempre poesia
E nem mesmo as tormentas das maresias
H�-de sangrar o verbo feito da mais pura carne
Compreendei-vos!
Sois t�o somente a vossa possibilidade de ser
Estrutura suprema dos vossos conheceres
N�o vos percais no deserto a morrer de sede
Caminhai em dire��o ao po�o de �gua rara
Donde, s� de l�, saciar�s a tua palavra cara
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Somos apenas isso!
Somos apenas isso!
(Poema dedicado ao poeta Luis Augusto Cassas)
� DE Jo�o Batista do Lago
Sinto-me diante da minha impot�ncia
Sentado � mesa do meu nada
Saboreando meus Onthos
Donde escrevo saladas (e)
Vomito verbos...
Minha s�nscrita entidade
Reverbera-me na eternidade
Donde sempre fui o que n�o o sou:
Analg�sico da c�nfora m�gica (que)
Encanta a miser�vel carne...
Escrevo assim minha sistina
Povoada de par�bolas santas
Met�foras de possibilidades
Donde me ocorre ser o que n�o o sou:
Apenas excremento ontol�gico...
PIVETE
PIVETE
Por Marinaldo Gon�alves
Por favor,
Tirem-me os piolhos da cabe�a.
Por amor,
Antes que a fome me desfale�a,
Tenham piedade,
Evitem que mau destino me aconte�a.
Sou pobre,
Mas tamb�m sou gente;
Estou sujo,
Falta-me m�e ou parente;
Sou triste,
Por isso t�o carente.
Ainda n�o sei,
Como � que vai ser.
Apenas percebo
Que um dia vou crescer.
Forte,
Pelo muito que sofrerei;
Duro,
Ante o desprezo que passarei;
Mau,
Face a perversidade
Que na pele sentirei.
Ent�o,
Vendo-me forte,
Sabendo-me mau,
A sociedade,
Que n�o ligou na minha sorte,
H� de me chamar de marginal.
Mas,
Outro j� serei:
Rev�lver,
Na destra terei;
Punhal,
Na sinistra usarei!
E,
Vivenciando
O que aprendi,
Nem lembrando
O amor que nunca senti,
Em pr�prio juiz me farei,
Minha Justi�a empregarei,
A todos roubando
E muitos matando!
Se ao menino
Repulsa e dor ofertaram,
Do homem,
Menos gente, mais fera,
As elites
Receber�o a paga:
Nas ruas, nas estradas,
Pessoas, viaturas assaltadas:
Nos becos, nas moradas
Suas mulheres e filhas estupradas!
----------
JMGJ/A�A�/AGO/02/98
terça-feira, 7 de abril de 2009
GLOBALIZAÇÃO
© DE João Batista do Lago
Do consenso saiu a máxima:
“É preciso globalizar os mercados”.
Daí em diante disseram mais:
“Derrubem tudo...
Todas as barreiras derrubem. Façam cair todos os muros.
Não poderá haver limites para o capital.
Os lucros são mais importantes que homens”.
E assim deu-se a Globalização!
Criou-se para toda nação
um deus-mercado...
Mito sagrado da dominação
Aos poucos foi espalhando pelo mundo
O credo da igreja de Washington
Pecado agora é desobedecer o mercado
Portanto juntem-se todos numa só oração:
Louvai o deus-mercado
Somente ele é capaz de livrar da escravidão...
Quanta enganação deste mandamento!
O miserável povo
No enredo de miseráveis procissões
Vai transferindo dos infernos
Da pobreza...
E da fome
Para os céus das grandes nações
Almas escapeladas
Ungidas pelo fogo dos senhores donos do mundo
Num ritual macabro de miseráveis crucificações...
E nada pode aplacar a fúria do deus-mercado
Que cobra cada vintém
Mesmo daquele que nada mais tem
Para comprar o pão nosso de cada dia
Que alimentaria
O filho seu...
Ó sina das sinas!
Até quando este povo deserdado
Há-de suportar quanta e tanta subjugação?
Até quando!?
Há uma profecia que nasce do espírito das nações vencidas:
“Para vencer a necessidade existe apenas a necessidade de vencê-la”
Este terço precisa ser dobrado no coração de cada fiel
Somente assim
Sob o manto dessa contrição ao Deus puro
Comum e solidário
Todo o povo alcançará o céu
sábado, 4 de abril de 2009
Aos que vão nascer [DE Bertolt Brecht]
1
É verdade, eu vivo em tempos negros.
Palavra inocente é tolice. Uma testa sem rugas
Indica insensibilidade. Aquele que ri
Apenas não recebeu ainda
A terrível notícia.
Que tempos são esses, em que
Falar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Aquele que atravessa a rua tranquilo
Não está mais ao alcance de seus amigos
Necessitados?
Sim, ainda ganho meu sustento
Mas acreditem: é puro acaso. Nada do que faço
Me dá direito a comer a fartar
Por acaso fui poupado (Se minha sorte acaba, estou perdido!)
As pessoas me dizem: Coma e beba! Alegre-se porque tem!
Mas como posso beber e comer, se
Tiro o que como ao que tem fome
E meu copo d'água falta ao que tem sede?
E no entanto eu como e bebo.
Eu bem gostaria de ser sábio
Nos velhos livros se encontra o que é sabedoria:
Manter-se afastado da luta do mundo e a vida breve
Levar sem medo
E passar sem violência
Pagar o mal com o bem
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los
Isto é sábio.
Nada disso sei fazer:
É verdade, eu vivo em tempos negros.
2
À cidade cheguei em tempo de desordem
Quando reinava a fome.
Entre os homens cheguei em tempo de tumulto
E me revoltei junto com eles.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.
A comida comi entre as batalhas
Deitei-me para dormir entre os assassinos
Do amor cuidei displicente
E impaciente contemplei a natureza.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.
As ruas de meu tempo conduziam ao pântano.
A linguagem denunciou-me ao carrasco.
Eu pouco podia fazer. Mas os que estavam por cima
Estariam melhor sem mim, disso tive esperança.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.
As forças eram mínimas. A meta
Estava bem distante.
Era bem visível, embora para mim
Quase inatingível.
Assim passou o tempo
Que nesta terra me foi dado.
3
Vocês, que emergirão do dilúvio
Em que afundamos
Pensem
Quando falarem de nossas fraquezas
Também nos tempos negros
De que escaparam.
Andávamos então, trocando de países como de sandálias
Através das lutas de classes, desesperados
Quando havia só injustiça e nenhuma revolta.
Entretanto sabemos:
Também o ódio à baixeza
Deforma as feições.
Também a ira pela injustiça
Torna a voz rouca. Ah, e nós
Que queríamos preparar o chão para o amor
Não pudemos nós mesmos ser amigos.
Mas vocês, quando chegar o momento
Do homem ser parceiro do homem
Pemsem em nós
Com simpatia.