Poema Louco
© DE João Batista do Lago
Durante todo esse tempo
tenho procurado alcançar
um não-sei-quê de divinal
tenho andado atarefado
tropeçando nos meus ais
acordes da canção de uma só nota
venho dos velhos mundos
sem nunca saber do novo
sou filho do moderno
sem a essência do passado
Sou cigano
vagabundo deste mundo
inconfesso
de mim nada sei
nem se sorri
nem se chorei
apelei ao meu sacrário
nele ser guardado
tornei-me mostruário
dessa vida miserável
agora meus velhos ontens
choram a insensatez de meus hojes
Já não existem cristais
que possam quebrar meus olhares
já os feriram tanto
nas sextavadas noites de luares
de negras nuvens
nem mesmo sonhos brilham
diante do meu pranto
Se vago tanto
Inexistente
oro como vagabundo penitente
tento encontrar o inascido
do que só em mim se há gerado