quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Princípio, Meio e Fim [© DE João Batista do Lago]

Princípio, meio e fim

© DE João Batista do Lago


disse-me el diablo:
- rezo diariamente para o deus
peço encarecidamente
contritamente
que me livre de ti
não te o quero aqui no tártaro...
vai de retro
vai
vai
vai
não me corrompas o inferno
não quero o caos administrado


...então voltei ao sagrado
disse-me ele:
- penas como quiseres
entre céus e terras (e)
procuras teu reino e trono
acima e abaixo do mar já têm donos


manifesto:
- absurdo
como não ser como eles
como não ter poderes
vou mostrar a ambos
não sou refém da minha ambição
serei maior que os dois
terra terei por redenção


agora os dois me suplicam
el diablo: - alma alguma me quer agora
acabaram-se os encantos do tártaro...
o sagrado: - deixe-me os anjos e os santos
não os roube...
ambos então se ajoelham:
- poeta, perdoai nossos pecados
vem-nos completar a trindade
nem o uno
nem o outro
sejamos três: alteridade 

Poesia do Aliterado [© DE João Batista do Lago]


POESIA DO ALITERADO



© DE João Batista do Lago



meu amigo

teu verso (in)criado é reino

linguagem de ausente fala

vasos de flores sobre túmulos



tua cabeça de burro

tua pela de leão

\o/

vontade tanta – pra quê?



tuas leiras de frases

tuas montanhas esquizofrênicas

tremeluzir megalomaníaco

esconde sob pele de leão

ouro Equus asinus



tua crina

dna de escuridões

adorna

denuncia

falencia

caixa de pandora

vontade tanta

esperança tanta

pra quê?



teu jardim

comercia excremento

dizes de tudo – o tempo todo –

novos tempos

tu regas (com)paixão

teu é catacumba

tua miséria

entoa tua valsa de sorte



tua vida atoa

teu carnaval difuso

teu desfile de verborreia

não consegue essência do leão

tua eterna perseguição: \o/



teu pedido

será configurado

grafado

regristrando eternidade

\O/

sob pele de leão

esquecimento

solidão