domingo, 11 de novembro de 2007

DESEJOS

DESEJOS

© by João Batista do Lago

Dispensai os vossos choros, eles
Maculam a madeira que me serve de
Leito e que mo levará para a santa terra
Onde me plantará pau-d’arco roxo ou como
Cedro para servir ao bom lenhadeiro da mais
Fértil vida que se instalará no instante do futuro

Dispensai vossos elogios tardios, eles
Ofendem à dignidade do ser que deseja
Adormecer sem as torpes palavras que
Lavram bocas enferrujadas de dentes doentes e
Preparados para comer a carne do escárnio:
Manjar de vermes que se me pensam morto

Dispensai a procissão ao campo santo, ela se
Tornará pedra na liberdade do meu caminho
Deixai-me as veredas livres; deixai-me sem religião
Preciso – se Deus há – encontrá-Lo sozinho
Buscá-Lo agora nesta minha sagrada morte
Vivê-Lo minh’eternidade; sê-Lo minha liberdade

PRIMAVERIS

PRIMAVERIS
(Para Themis)

© by João Batista do Lago

Tuas coxas de primavera
Primaveris!
Secretos segredos guardam
Da flor do sexo
Sequioso de
Embeber-te da
Mais pura e límpida água que
Brota como sumos da terra (da)
Mais pura terra que de mim há

Carregas em ti o
Centro da vida da primavera
Primaveris!
Almas que se segredam em
Secretos exalares da
Flor mais pura de cheiro mais túmido
Essência que se me preparas na
Alcova do teu corpo
Sacrário exótico da (minha) eterna paixão