sábado, 1 de novembro de 2008

SEI LÁ QUE CAMINHOS TRACEI [DE Heloisa B.P.]

**SEI LÁ QUE CAMINHOS TRACEI**

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Sei lá!...

Que caminhos tracei

Por onde andei

que solos pisei!...

 

Sei lá!...

Qual a força que me atrai

que Magnético Norte me orienta

Que tortuosas veredas

Me desorientam!(?)...

 

Sei lá...

Em que Céu

Se encontra a Estrela Polar

- Estrela do Norte –

Ou a Estrela da Tarde,

Que fulgura e cintila

Ao esmaecer do SOL

Ao “Resplandecer” da LUA!(??)...

 

- SEI LÁ - !...

 

Eu sei Lá,

Em que leitos adormeci

Macios

- ou vazios –

Em que linhos Alvos

Ou “Estamenhas”

(De “Antanho”)...

- SEI LÁ!?...

 

Sei lá...

Em que Vales me perdi

Em que Sombras me escondi

Em que Muros me enconstei

Em que Castelos me isolei

Em que Torres me fechei!...

- SEI LÁ!???...

 

...Sei Lá,

Que caminhos Tracei

Por onde andei

que Solos pisei...

sei Lá!??

- SEI LÁ!???...

 

- NEM SEI, SE ME INTERESSA SABER!

...SEI LÁ!???????????????????????????

 

Heloisa B.P.

Londres, em 20/07/04

 

 

Estou relendo, mais uma vez, *Divagando*, livro de poemas de autoria da minha ilustre poeta Heloisa B.P. Um livro que teimo em lê-lo por entender que há nele um conjunto poético tão diverso, e ao mesmo tempo tão uníssono, quanto polifônico e polissêmico.

A poesia acima é uma das que mais me chamou a atenção. E por quê? Porquê nela Heloisa B.P. desveste-se, a si e à sua alma lírica, para sem medo e sem pejo deblaterar:

 

“Sei Lá...

Em que vales me perdi (...)”

 

Os “vales” dos quais fala a poeta sempre se encontram nos sopés das montanhas, onde

 

“Se encontra a Estrela Polar

- Estrela do Norte –

Ou a Estrela da Tarde,

Que fulgura e cintila

Ao esmaecer do SOL

Ao “Resplandecer” da LUA!(??)...”


É muito interessante perceber que no processo dessa “perdição” heloísica, a poeta não esquece sua fonte de saber – o “SOL” – que vai “Resplandecer” do outro lado da sua poética – a “LUA” – ponto facultativo onde guarda todas suas dores num lamento de sabedoria memorável, e diria mesmo, inigualável.

COMO UM ÍCARO [DE João Batista do Lago]

COMO UM ÍCARO

 

© DE João Batista do Lago

 

lá no fundo do quintal da minha casa

mora um homem marginal:

louco de pedra

imagina ter asas de cisne

intenta trespassar os céus

pretende dá um beijo na face do sol

 

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será outro Ícaro condenado?