sábado, 5 de abril de 2008

Velejador [DE João Batista do Lago]

Veleja(dor)



© (DE João Batista do Lago)



sempre sempre

venho volto solto

no fato dos atos

sinto sinto sinto

desacatos velhacos

ser desprendido

rugindo vazio

calafrio

alma alma

nunca calma

depois da calma

gritos dores

silêncio

vazio...

velo velo

veleiro

sem leme

sem navegador

carregas dor

só dor

lamento do vento

sustento do ser

que não quer ser

ser ser ser

faca de dois gumes:

direito esquerdo esquerdo direito

mar de estrumes...

navego ego

cego cego cego

nau de loucos

mortos dos meus cemitérios

condenados todos

loucos loucos loucos

velejam rezas

procissões desejos

pesco versos inconfessos

diversos dispersos

mares de peixes perdidos

sepulcro do ser

ser não-ser ser

nasceres mal-resolvidos...

findo fim enfim

mal-resolvido:

ser não-ser ser não-ser

dizer o quê?

viver morrer:

não-ser ser não-ser ser

ondas sem volume

não-ser ser do lume

topo de águas

volume de mágoas

ser-me não-ser-me

navegante navegador navegado

singrante singrador singrado

mar sujeito desprendido