OUTONAL
© DE João Batista do Lago
As minhas folhas caducas
Começam a desfolhar-me
É chegada a hora de virar planta seca
Preciso desnudar-me
Amarelar-me
Avermelhar-me
Tenho que fechar os poros
Das poucas folhas que se me teimam ornar
Desambiguado na nordestinação
Tornar-me seco feito chão rachado
Ainda que a morte seja meu presente
Preciso reter nas minhas entranhas
Sustentar nas minhas raízes – e na minha mente –
A água da vida que, totalmente,
Gerará no futuro novas primaveras
Que se há de transformarem em novos frutos…
E novas sementes
Preciso desfolhar-me
Dessas folhas verdes, caducas
Promover o mimetismo do meu ser
Só assim poderei sobreviver nesta selva de pedras
Onde não há árvores floridas – e nem Homens! –
Onde a falta de oxigenação me perecerá
De toda água da vida
De toda primavera florida
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Curitiba – Paraná – Brasil
20 de março de 2008