sexta-feira, 21 de março de 2008

QUEBRANDO (MOMENTANEAMENTE) O MEU JEJUM...

OUTONAL

© DE João Batista do Lago

As minhas folhas caducas

Começam a desfolhar-me

É chegada a hora de virar planta seca

Preciso desnudar-me

Amarelar-me

Avermelhar-me

Tenho que fechar os poros

Das poucas folhas que se me teimam ornar

Desambiguado na nordestinação

Tornar-me seco feito chão rachado

Ainda que a morte seja meu presente

Preciso reter nas minhas entranhas

Sustentar nas minhas raízes – e na minha mente –

A água da vida que, totalmente,

Gerará no futuro novas primaveras

Que se há de transformarem em novos frutos…

E novas sementes

Preciso desfolhar-me

Dessas folhas verdes, caducas

Promover o mimetismo do meu ser

Só assim poderei sobreviver nesta selva de pedras

Onde não há árvores floridas – e nem Homens! –

Onde a falta de oxigenação me perecerá

De toda água da vida

De toda primavera florida

__________

Curitiba – Paraná – Brasil

20 de março de 2008