quinta-feira, 16 de outubro de 2008

CHUVA TOMBADA [Soneto]

CHUVA TOMBADA

 

© DE João Batista do Lago

 

Cai mansamente a chuva na noite terna.

Pingo em pingo encharca meu coração

Tombado de lágrimas da espera eterna;

Carente do adubo para secar a solidão.

 

Calmamente a chuva de mim se encanta!

Transforma meu ser num túmulo de desejos.

Salivo, então, teu corpo que em mim decanta

Todos os suores; tua boca, volúpia de beijos.

 

Agora, não mais são os pingos da chuva

Encharcando meu coração vão e solitário.

Neste instante é o teu corpo todo o relicário,

 

Guardião do meu corpo – teu sacrário! –,

Tumba eterna do teu corpo – meu relicário! –,

Terço duma oração eterna deste ser solitário.