DESPERTAR
© DE João Batista do Lago
Neste instante não me ocorrem instintos.
Devaneio imagens que não são comuns,
Vago na carruagem levada por alazões,
Acompanham-me na viagem as filhas do sol.
Cada virgem traz em suas mãos uma tocha,
Cada tocha revela-se na chave da porta;
Porta dura como a pedra duma rocha.
Tomam minha mão as virgens filhas do sol;
Insistem que as chaves abrirão os portais,
Dizem que só a travessia salvará os mortais.
“- Vai! Há luz dentro da rocha” – diz o séquito.
Pensamentos me vestem do carma umbrático:
- Haverá fogo dentro da rocha depois da travessia?
Não sei! Não sei! Sinto medo da pedra apenas sombra.
Insistem as virgens filhas do sol:
“- Vai. Não te mais resta outro caminho!
Verás que depois da passagem serás uno;
Perceberás a necessária imanência do ser;
Sentirás as dores do parto, mas parirás!
Aí, compreenderás a atomicidade única
E, então, saberás do calor do sol e da frieza da rocha!”