segunda-feira, 6 de outubro de 2008

DESPERTAR

DESPERTAR

 

© DE João Batista do Lago

 

Neste instante não me ocorrem instintos.

Devaneio imagens que não são comuns,

Vago na carruagem levada por alazões,

Acompanham-me na viagem as filhas do sol.

Cada virgem traz em suas mãos uma tocha,

Cada tocha revela-se na chave da porta;

Porta dura como a pedra duma rocha.

 

Tomam minha mão as virgens filhas do sol;

Insistem que as chaves abrirão os portais,

Dizem que só a travessia salvará os mortais.

“- Vai! Há luz dentro da rocha” – diz o séquito.

Pensamentos me vestem do carma umbrático:

- Haverá fogo dentro da rocha depois da travessia?

Não sei! Não sei! Sinto medo da pedra apenas sombra.

 

Insistem as virgens filhas do sol:

“- Vai. Não te mais resta outro caminho!

Verás que depois da passagem serás uno;

Perceberás a necessária imanência do ser;

Sentirás as dores do parto, mas parirás!

Aí, compreenderás a atomicidade única

E, então, saberás do calor do sol e da frieza da rocha!”