OUTONO DE PRIMAVERAS
© DE João Batista do Lago
Precipita-se-me a transição
Meu corpo – casas de alma e espírito –
Acomoda-se no vazio do espaço
Para receber todo ouro
Que reluz das tuas cores
És uma outra primavera
Carregada de outonais folhas
Que se transformam em flores!
É deste movimento eterno
Que me seduz desde o céu até o inferno
Que aprendo que a morte é o nascimento
Que a vida é como nuven de outono
Dura o tempo da dança dum balé magistral
É como o brilhar do relâmpago no éter
Rasgando trevas infinitais de angústias
Desfolhando no espelho das águas
Luas que refletem nas relvas
Todas as faces do novo ente...
Sucedes meu calor de dores infernais
Antecedes meus céus de neves...
Vês!
És assim a transição de mim
Dum morrer-se para um nascer-se
Num movimento fugaz dum tempo eterno
Que não se concluirá num qualquer céu
Ou num qualquer inferno...
A existência é muito mais que a morte
Muito mais que vida ela é
E desde o céu até o inferno
Migra de estação para estação
Plantando flores de ouro
Florindo de pétalas amarelas todos os caminhos
Fazendo renascer de cada lavoura
Todos os outonos de primaveras
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Poema dedicado a Vera Lúcia Carmona (Portugal)