ORAÇÃO AO OUTRO
© DE João Batista do Lago
Vejo-te, Outro,
amor da minha conduta.
Tudo o mais, além de ti,
é ilusório;
Representação falsa dos românticos,
Naturalistas dum tempo de sonhos.
Vejo-te, Outro,
símbolo máximo da razão.
Tudo o mais, além de ti,
é desprezível;
Devaneios de encantos de seres diacrônicos,
Vidas que se arrastam sem o deus-mercado.
Vejo-te, Outro,
mercadoria do meu consumo.
Se nele não te encontras:
não és nada...
Vê-se, pois, não tens a alma dum cifrão.
Vejo-te, Outro,
com minha visão de lucro.
Se nela não te sonho:
nada vales...
És mercadoria podre – espírito sem capital!