Quando a poesia chega sem avisar
De Marilda Confortin
Para Tonicato Miranda
Hoje a poesia
me chegou cedo
antes do dia nascer
antes do corpo acordar
me pegou de pijama e chinelo de dedo
com quem vem pra almoçar.
Hoje a poesia
me chegou sem aviso,
de improviso,
como um morcego pálido
que esqueceu de dormir
como um amor cego
que não sabe pra onde ir.
Me chegou pelo Lago
como um anexo
que se enrosca em rimas,
ramos, tocos, versos,
procurando nexo
para desembocar no mar.
Hoje a poesia
me pegou despreparada
invadiu meu domingo
como uma enxurrada
e eu sem barco, sem bóia,
sem remo, sem rumo
... e eu que nem sei nadar.
(Nessa hora, a poesia e eu começamos a brigar:
- Recomponha-se, mulher! Que meleca de poeta é você que se derrete só de ler uma poesia na internet?
- Não quero me recompor! Quero compor um poema de amor.
- Deixe de ser ridícula! Já começou com as riminhas pobres...
- Então me dê rimas ricas ou caia fora!
- Eu não disse? Me deu um ultimato só pra rimar com Tonicato.
- Ah! vai vê se eu to na esquina... vou abrir um vinho continuar em prosa. Você devia me inspirar e não me criticar.)
Pois é, querido Tonicato! Minha relação com a poesia é assim: Amor e ódio. Casca e ostra. Pérola e porcos. Gemidos e grunhidos. Hoje ela não quer brincar comigo. Mas justo num domingo você me presenteia com um poema lindo assim? Domingos são dias de poemas de maldizer... Não sei o que fazer... nem teu email tenho... vou jogar essa garrafa no Lago e ver se ele a leva até você.
Se ela te chegar mansa
recolorindo paisagens
tire os tocos do caminho
dê passagem,
deixe que entre devagarzinho
vagando, vazando
pelas margens
mostre a porta
acolha-a em tua comporta.
Se ela te chegar provocante
dançando fandango
tango ou flamenco
não ouse um só lamento
seja abusado
grite Olé!
agarre-a com unhas e dentes
e faça do teu peito
um tablado.
Mas, se ela chegar quieta
e te atrair para a teia
não te debatas.
relaxa, és ceia
saboreia tua morte, poeta.
E por fim, se ela te chegar de manhã
manhosa, num dia sem sol,
se enfiar debaixo do teu lençol
como um morcego procurando abrigo
meu amigo, apaga tudo
ela não veio pra se explicar
ela veio pra te deixar mudo.
Obrigada, Tonicato
Obrigada Lago.
Marilda Confortin
Recanto das letras - prosa, verso e poesia recitada
Curto e grosso - poetrix e otras cositas mas
domingo, 6 de julho de 2008
MORCEGOS AMARELOS [DE Tonicato Miranda]
MORCEGOS AMARELOS
(dedicato a Marilda Confortim)
DE Tonicato Miranda
Curitiba (PR) 05/07/2008
a poesia
quando
vem a mim
vem assim
aos poucos
de manso
para mansinho
de um ganso
para o patinho
contornando tocos
desviando dos loucos
ativando meus sentidos
mudando minha cor interior
recuperando dados perdidos
a posesia
quando
vem a mim
bem assim
vem bailando
de vestido rodado
saia de chita e fitas
pés descalços
amssando o tablado
fandango pulsando
meu coração e o sangue
jorrando em todos os meus rios
arrastando tudo das margens
enchente forte em todas as imagens
a poesia
quando
vem a mim
aranha vistosa
às vezes Lânguida
às vezes cândida
quase sempre cheirosa
mas pode também ser
revolucionária, guerreira
mesmo quando vem de mulher
arrebatando meu olhar e este mar
que há dentro de mim qual concha
abrigando pérolas que desconheço
a poesia
quando
vem a mim
cem assim
muda meu jeito
açoita meu peito
deixa-me triste ou quieto
passeando por bem perto
quase recolhido, na gruta escondido
eu e meus morcegos amarelos e belos
debaixo do cobertor, querendo um amor
para passear em caminhos imaginários ao sol
colher flores nos jardins das cores do teu olhar
aí onde gosto de sentar para ler simples jornal
(dedicato a Marilda Confortim)
DE Tonicato Miranda
Curitiba (PR) 05/07/2008
a poesia
quando
vem a mim
vem assim
aos poucos
de manso
para mansinho
de um ganso
para o patinho
contornando tocos
desviando dos loucos
ativando meus sentidos
mudando minha cor interior
recuperando dados perdidos
a posesia
quando
vem a mim
bem assim
vem bailando
de vestido rodado
saia de chita e fitas
pés descalços
amssando o tablado
fandango pulsando
meu coração e o sangue
jorrando em todos os meus rios
arrastando tudo das margens
enchente forte em todas as imagens
a poesia
quando
vem a mim
aranha vistosa
às vezes Lânguida
às vezes cândida
quase sempre cheirosa
mas pode também ser
revolucionária, guerreira
mesmo quando vem de mulher
arrebatando meu olhar e este mar
que há dentro de mim qual concha
abrigando pérolas que desconheço
a poesia
quando
vem a mim
cem assim
muda meu jeito
açoita meu peito
deixa-me triste ou quieto
passeando por bem perto
quase recolhido, na gruta escondido
eu e meus morcegos amarelos e belos
debaixo do cobertor, querendo um amor
para passear em caminhos imaginários ao sol
colher flores nos jardins das cores do teu olhar
aí onde gosto de sentar para ler simples jornal
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