quinta-feira, 2 de outubro de 2008

SOMBRAS DA INTUIÇÃO

SOMBRAS DA INTUIÇÃO[1]

 

© DE João Batista do Lago

 

Está escuro.

Estou só.

Estou com medo.

Minhas pernas não respondem.

Não ando.

Estou parado.

.................................................

Está escuro no meu quarto:

Meu consultório.

Procuro-me. Não me encontro!

Meu paciente – meu cliente – está só.

No meio da escuridão plena

Encherga sua sombra

Medonha!

Dona de todo saber médico

Toma meu corpo e minha alma

Como divinos eus de-si.

Não sei o que dizer...

Não sei como dizer...

Sei apenas do agora

Do agora de mim,

Que há aqui.



[1] Poeterapia

DEUS-ME

DEUS-ME

© De João Batista do Lago

O meu divino-deus continua embalsamado

Reclama sua eterna existência dentro de mim

Convoca-me a mostrar-me substancialista

Grita do fundo do poço quanto devo ser artista

Ó deus que dentro em mim quer despregar-se

Dizer-me abertamente que sou sujeito, porém

Demônios angélicos lhe pedem em prece:

- Não forneça o Sol da noite a quem não merece

Desgraçado então a vida assim condenado sigo

Sem ter oportunidade de deus-me ser parido

Complexo defunto: amplo encanto do eu-partido

Eu-deus carrega então a cruz dos vencidos

Pleno do pus pútrido de eterno Homem não-nascido

Calado na sua gênese como a essência do vencido