MARAVILHISMO
© by João Batista do Lago
Pari-me aqui e acolá de
Mãe eterna assexuada
Sou assim parteiro de mim
– eu mesmo enfim –
Gritei toda dor placentada
A noite muda gritou no dia
Fez reverência a toda miséria:
“Maravilhas!” – soaram as cornetas
Heróicas torres das Artes
Aqui e acolá foram feitas
O século agora pode exibir
Pode ofertar aos proxenetas
Pode da Virtude querer exigir
Salmos e cânticos a baionetas
Dizer a todos: “Venham ao elixir”
Encantados – o parteiro e eu –
Segredados em noite e em dia
Parimo-nos no poeta, no artista
Brindamos à cortesia capitalista
Damos graças à fome em agonia
Agora não são apenas sete os ricos
Também não são apenas as sete irmãs
Pari-me aqui e acolá – há-me em todo lugar –
Até no alto do morro está Alá a brilhar
Abraçando a miséria em farto ejacular
Maravilha-se: “Ó santa pobreza!
Tua é a miséria e minha é a beleza
Manter-vos-ei sob os meus pés
Guardar-vos-ei nos sopés da montanha
Guarda-alma de miséria tamanha”
terça-feira, 30 de outubro de 2007
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