sábado, 24 de novembro de 2007

HISTÓRIA DE POETA

© by João Batista do Lago

O velho poeta descia a serra pontiaguda

Tão ligeiro como pedra desembalada.

No pé da serra esperava sua amada.

Mas, ao descer, teve a perna quebrada.

Coitado! Lá no meio da serra esparramado

Ficou o poeta – e sua dor – impossibilitado.

Não mais era possível alcançar a amada.

E ela, sem perceber, não sentiu a dor do amado.

No meio da serra, ao chão então estirado,

O poeta sentiu-se um miserável; desgraçado.

Chorou o abraço não dado na jovem amada.

E ela, sem perceber, não viu que havia-o passado.

Depois de alguns instantes de infinda espera

Resolve a jovem amada subir a serra.

E ao ver o poeta inanimado – como pedra –

Cai sobre seu corpo em pranto. Desespera.

Acaba assim a história do velho poeta:

Jaz na terra versos que se plantariam em sua amada!

Acaba assim a história da jovem amada:

Jaz por terra versos não plantados na Poesia amada!