O velho poeta descia a serra pontiaguda
Tão ligeiro como pedra desembalada.
No pé da serra esperava sua amada.
Mas, ao descer, teve a perna quebrada.
Coitado! Lá no meio da serra esparramado
Ficou o poeta – e sua dor – impossibilitado.
Não mais era possível alcançar a amada.
E ela, sem perceber, não sentiu a dor do amado.
No meio da serra, ao chão então estirado,
O poeta sentiu-se um miserável; desgraçado.
Chorou o abraço não dado na jovem amada.
E ela, sem perceber, não viu que havia-o passado.
Depois de alguns instantes de infinda espera
Resolve a jovem amada subir a serra.
E ao ver o poeta inanimado – como pedra –
Cai sobre seu corpo em pranto. Desespera.
Acaba assim a história do velho poeta:
Jaz na terra versos que se plantariam em sua amada!
Acaba assim a história da jovem amada:
Jaz por terra versos não plantados na Poesia amada!