HABEMOS OBAMA! – É Possível A Esperança
© DE João Batista do Lago
Penso que nenhum analista, até o presente momento, tenha escrito algo a respeito do tema que me vou utilizar neste artigo. Mas se houve alguém que o fez, desde logo, ficam aqui minhas escusas, pois, não tive a oportunidade e o prazer de ler o texto. Refiro-me, especificamente, ao discurso da necessidade possível.
Se estudarmos toda a trajetória discursiva do Presidente Barack H. Obama, em todos e quaisquer eventos, desde o instante em que ele se lançou como candidato à Presidência dos Estados Unidos até o discurso da sua posse, ontem, 20, às 15:06h, verifica-se, no núcleo dos seus pronunciamentos, a elaboração, construção e formação, ou seja, a teorização de um novo sujeito – seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista de uma sociologia das práticas sociais: a Possibilidade possível e necessária.
Entenda-se, para este caso, que o “Sujeito” não é pura e simplesmente o indivíduo, mas “o ator social coletivo pelo qual indivíduo atinge o significado holístico em sua experiência, (...) talvez com base em uma identidade oprimida, porém expandindo-se no sentido da transformação da sociedade (...) de uma perspectiva bastante distinta, a reconciliação de todos os seres humanos como fiéis, irmãos e irmãs, de acordo com as leis de Deus, seja Alá ou Jesus, como consequência da conversação das sociedades infiéis, materialistas e contrárias aos valores da família, antes incapazes de satisfazer as necessidades humanas e os desígnios de Deus” (Munuel Castells).
Possivelmente este sujeito – Possibilidade – seja, de fato e de direito, o principal responsável pela campanha vitoriosa do Presidente Barack H. Obama. Sem ele, acredito, o senador não obteria o sucesso. Foi por intermédio dele que o presidente eleito atingiu a massa dos eleitores norte-americanos, pois estes se viram construídos, como “carnes” no corpus daquele sujeito. Ou seja, o eleitorado assumiu por definitivo que a possibilidade, da qual se referiam o candidato e o agora o Presidente, era e é uma realidade possível, isto é, uma necessidade de se transformar em real.
Desde o princípio da campanha o Presidente Barack H. Obama, insistiu na sua máxima: “Sim, nós podemos!”. Esse aforismo, ao longo da campanha deixa de ser simples enunciado para se transformar num significado de possibilidades reais. Nele está implícito, por exemplo, a conotação da possibilidade (e da necessidade) de se pensar, ou mesmo sonhar, com um possível mundo real onde se pode “forjar a paz (...) nesta nova era de responsabilidade (...) de uma nova direção baseada em interesses mútuos e respeito mútuo”.
Este pensamento elaborado do Presidente Barack H. Obama, sobre a questão do possível, outra coisa não é que “senão a repetição do argumento vitorioso de Deodoro Cronos, que reaparece toda vez que se reduz o P. a uma potencialidade, na qual devam estar presentes todas as condições de realização, estando, pois, destinada infalivelmente a realizar-se. Este é o conceito de P. encontrado em Hegel, que distinguia possibilidade real e mera possibilidade; esta seria "a vã abstração da reflexão em si", ou seja, uma simples representação subjetiva, ao passo que se tem a possibilidade real quando ocorrem todas as condições de uma coisa, de tal maneira que a coisa deve tornar-se real; e obvio que, neste caso, possibilidade real não se distingue de necessidade. A noção de possibilidade real neste sentido e frequentemente empregada pelos seguidores de Hegel, sejam eles idealistas ou marxistas. Muitas vezes esta noção foi empregada para designar a predeterminação dos eventos históricos em suas condições, portanto para fundamentar a possibilidade de previsão infalível da evolução futura da historia. Foi deste modo que G. LUKACS usou esse conceito (Geschichte und Klassenbewusstsein, 1923; trad. fr., 1960, p. 104 ss.). Com o mesmo significado de potencialidade, esse conceito esta pressuposto num livro de S. Buchanan, em que a possibilidade é definida como "a idéia reguladora da analise do todo em suas partes", sendo as partes definidas como "a potencialidade do todo" (Possibility, 1927, pp. 81 ss.).” – in Nicola Abbagnano.
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DO SUJEITO POSSÍVEL (poema dedicado ao Presidente Barack H. Obama © DE João Batista do Lago No quadro negro da Esperança surges Como a esperança possível e Tão necessitada. Não à-toa todos os olhares de todo o mundo te viram E te admiraram e te sonharam e te saudaram Como “eus” próprios construtores duma nora era. A Paz é possível! – Disseste-o. Pensamos todos, então: - A Esperança recalcada pela ganância da guerra Há-de reverter o mundo para o caminho da Paz; A ganância do dinheiro construtor das misérias Há-de contribuir para saciar a sede e a fome; A ganância dos insensatos e ímpios de toda sorte Há-de refluir para se construir um novo mundo. Sim, nós podemos! Sim, tudo é possível! Sim, a Esperança pode vencer o medo! Sim, a Paz é uma necessidade possível! Sim, a miséria pode ser vencida! Sim, o trabalho pode ser garantido! Sim, o lucro pode ser dividido! Sim, as guerras podem ser vencidas! - Eis a mão estendida para todos vós Ó povos de todo o mundo; Ó povos de todas as raças; Ó povos de todas as religiões. Eis que vos convoco para a nova era: A construção da Paz é possível. A possibilidade do novo Homem Não é a possibilidade do homem só. Temos, enfim, a possibilidade de um mundo novo Que nasce dum ano novo num novo janeiro; Dum homem novo que pare no leito-carne do mundo Sujeitos capazes de estabelecer a revolução da paz radical. Temos, assim, a possibilidade de renascer! Renascer do ventre de todas as esperanças Antes recalcadas e inférteis e estéreis. Temos, pois, o direito e o dever de um novo ente: Ser da Esperança. Somos a Possibilidade do Ser.