quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

3 POEMAS INÉDITOS

INAUDITA

© DE João Batista do Lago

Triste o engano da minha palavra!

Ela pensa que fala, mas não diz nada;

Coloca-se no altar como sagrada (e)

Submete ao fiel idólatra sedento de sentido

Toda miséria enclausurada no ser...

Se a palavra soubesse ficaria calada (e)

Deixaria nela a esperança renascer

Plena de sentido na imagem que fala

Como linguagem que não se cala;

Como água pura que jorra do meu poço fundo.

Porém, insiste a palavra, eterna incauta,

Ser do pensamento a razão pura;

Tola criança! Tropega seus primeiros passos...

E diante do templo do ser fica sem espaço

Não sabe de si qualquer imagem; é pura miragem!

Jamais chegará à essência como linguagem.

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SONHO

© DE João Batista do Lago

Ontem sonhei com a minha morte!

Jamais vivi tamanha sensação

Deste lado de cá.

Pena foi só um sonho:

Tristonho, agora me encontro.

Embalsamado pela vida

Que, vai minhas feridas

Ferindo pela eternidade.

Lá, depois de morto,

Toda paz fazia do meu corpo

A aura que me guiava

Por entre arvoredos de felicidades.

Agora,

Choro a infelicidade de

Todas as dores...

Do lado de cá não há arvoredos,

Só os degredos

Guiam minha carruagem

Que não encontra

A porta da passagem

Para a eternidade...

Ah!

Como seria bom

Se a morte me abrandasse

Todas as noites,

Que me morresse num

Abraço de eterna felicidade!

.......................................

Hoje à noite estarei pronto para a morte.

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INTUIÇÕES DO INSTANTE

© DE João Batista do Lago

Canto minha doçura

Serena e leve

Como a brisa

Do mar que me habita

Na insensatez da vida

Querida

Por ser miséria

Que aniquila minha vida

De torpeza alegre[no vazio do q

Não sei dizer

Nem de mim[nem de ti

Amo

Desamo

Bebo

Desbebo

Como

Descomo

...

e assim me vou

como o frete

mal pago

do dízimo

que nunca me alcançou

cobrado

nas latrinas

das igrejas

onde eu-cristo

sou

diária [mente] crucificado