ORFANDIDADE
© DE João Batista do Lago
Fez-se-me o alvorecer
Duma manhã friorenta
Entrecortada de neblina
Os nós que me prendiam
Foram todos ablaqueados
E, então, vi-me pássaro
E voei sobre minha eternidade
E lá bem distante grunhi pensamentos
No silêncio da humanidade
Senti de todos os espíritos os lamentos
Passarem ligeiros como tufões
E os vi se transformarem em poeiras
E no encadeamento do grande eterno
Juntei todas aquelas leiras
E ungi meu corpo de sagração
E voei... voei... voei... voei...
Tão alto que me perdi no espaço
E pousei como um anjo no orfanato do sagrado