domingo, 10 de dezembro de 2006

EU, PESCADOR DE ILUSÕES

EU, PESCADOR DE ILUSÕES
Arte e Literatura de Valor Intelectual e Filosófico

Johannes de Silentio (*)

Kierkegaard certa vez escreveu que "o poeta é o gênio da recordação". E ele tinha razão. Isto faz do poeta um elemento fundamental num grupo social, que tem uma valiosa missão: registrar para as gerações presentes e futuras, através de sua arte: os sentimentos, as idéias e os fatos mais relevantes de seu contexto histórico específico. Não é uma tarefa fácil, exige não somente a técnica, mas acima de tudo, uma habilidade natural, uma vocação. O poeta louva e elogia o belo, porém da mesma forma censura e critica o inestético.
E nesta atividade do poeta é preciso liberdade de expressão, pois caso contrário sua tarefa se torna irrelevante. Sempre digo: o poeta é censor do clima intelectual e sentimental de seu tempo. E aqui temos um poeta brasileiro contemporâneo: João Batista do Lago com o seu primeiro e esperamos não último livro de poesias – EU, PESCADOR DE ILUSÕES.
Com certeza as Musas, filhas do senhor do Olimpo, inspiradoras das artes, auxiliaram este autor a transformar a matéria bruta das intuições sensíveis e intelectuais em formas preciosas de expressão poética. É uma obra que consiste numa coletânea de poesias, que nasceram numa fértil imaginação e que expressam uma grande variedade de sentimentos e reflexões. Exibem uma riqueza de palavras e idéias de ótima qualidade. Encantam com a beleza da forma e do estilo literário. Impressionam com a profundidade semântica dos conceitos trabalhados. Cativam com a relevância histórica política e social.
Esta obra é fruto de uma mente genial e brilhante e que demonstra ser amante do saber. É uma obra plena de ideais nobres e humanitários, que fecundam não na mente de um jovem inexperiente e ingênuo, mas ao contrário, na mente de um “ancião”, que fluiu existencialmente na história por vários momentos antagônicos.
Nesta obra é importante destacar o empenho intelectual de compreender o mundo percebido não como uma representação idealista, estática e alienada do tempo-espaço natural, mas pelo contrário, seguindo o exemplo pioneiro de Heráclito, uma tentativa de compreender o mundo numa representação realista e dinâmica.
Percebe-se um elemento dialético, às vezes paradoxal, no movimento das palavras, neste fluir poético, que expressa um pensamento vivo e interessante. Poesias que procuram expressar adequadamente a realidade histórica e natural em constante movimento. São pensamentos que não pretendem ser a expressão de uma realidade eterna e distante, mas sim, o retrato de uma realidade viva e experimentada, em todas as suas contradições.
O poeta João Batista do Lago, cidadão consciente e culto, nesta sua obra, expressa e reflete sobre variados temas. Com isto demonstra aptidão e conhecimento em várias áreas do conhecer humano: Filosofia, Arte, Antropologia, Sociologia, Mitologia, Literatura, Política, História, Ecologia e outras mais.
Evidencia portanto não só a qualidade intelectual da obra, mas também a própria erudição do autor. Deste modo a obra não se limita somente a satisfazer o gosto estético do leitor, mas procura satisfazer também o gosto intelectual e às vezes apela até mesmo à volição.
A obra não consiste somente numa coletânea de poesias com o fim de satisfazer o desejo pelo belo. Objetiva também a reflexão sobre a própria atividade reflexiva do homem, revelando seus potenciais e suas limitações, numa perspectiva dialética. Expressa o sentimento de finitude do homem, um ser que questiona o infinito e que busca respostas para questões transcendentes à própria existência natural.
João Batista do Lago é um poeta, e nesta obra não só louva e celebra o belo, mas censura os abusos políticos, nacionais e internacionais, testemunhados pela nossa história contemporânea. Poesias que denunciam atos desumanos dos que estão no poder. É um poeta que incita a indignação. Censura por exemplo: a corrupção política, a exploração do pobre pelo mais rico, os agentes da injustiça social, a cumplicidade das instituições que preservam e reproduzem ideologias, a atividade tecnológica do homem que destrói a natureza. Poesias que até mesmo profetizam libertação social e fazem apelo à ação.
Concluindo, "EU, PESCADOR DE ILUSÕES" é uma bela obra de arte, mas também, uma peça literária de valor intelectual e filosófico muito grande. Uma obra que exige, portanto, um tempo razoável de reflexão, pois toca em temas complexos e profundos da existência humana. É uma obra relevante para o homem contemporâneo, pois fala do que aconteceu e acontece aqui e agora. Será também uma obra de relevância histórica, retratando o sentimento e pensamento de um cidadão culto, que no seu tempo refletiu criticamente a história política e social.



(*) Johannes de Silentio (ou Paulo Sérgio Alves) - Formação acadêmica em Teologia e Processamento de Dados. Atua como Profissional Liberal.
28 de Novembro de 2006.

Um comentário:

Anônimo disse...

VERBERANTE POESIA: Dezembro 2006Estas palavras foram motivadas pela querida Menina Marota (Otília Martel), de Portugal, que em verdadeiro "cio poético" deu à luz dos nossos olhos, ...
batistadolago.blogspot.com/2006_12_01_archive.html

"CIO" POÉTICO ???!!!


Além de insuportável vaidoso é estúpido e grosseiro usando expressões detas a propósito duma senhora ...