AUTOIMOLAÇÃO
© DE João Batista do Lago
No Cais da Sagração
Ajoelho-me diante dos peixes...
Minha saudade
Dou-a como isca.
Não para ser pescado
Mas para me afogar
Nas águas dum rio anil
De eternos encontros
Feitos de desencontros vadios
Nadificados nas ondas
De mares incolores
O cheiro do mangue reside
Na minha toca de caranguejo
Cansado da carapaça que
Recobre o crustáceo
Num balé solitário que
Passa-não-passa... passa-não-passa...
Entre corações-detrito de animais humanos
Se me há a cruz por sacrifício
Que me crucifiquem
Diante dos peixes
Do Cais da Sagração
Lá minha imolação
Não se dará perdida
Lá me darei como peixe a toda nova vida
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