...que enfatizou recentemente num comentário a minha condição de pesquisador. De fato, se pudesse, seria o meu trabalho predileto, mas a minha condição financeira e econômica não mo permitem. Entretanto, quando posso, estou sempre a pesquisar alguma "Coisa",sobretudo quando se refere à Literatura, e mais ainda, quando diz respeito à Poesia. A pesquisa me ensinou algo de muita importância: não ter preconceitos com os gêneros literários. Quando se os tem fica difícil alcançar o campo epistemológico. E como tenho a "arrogância" de pretender absorver todo o Conhecimento, ficou claro, para o meu caso, que jamais deveria deixar que quaisquer preconceitos contra gêneros, estilos ou formas literárias fossem "obstáculos" para as minhas pesquisas.
Veja o que descobri, minha cara Yara:
* * * * *
IDADES
Quando o homem simples, bom
Viu na terra um tesouro,
Em as searas e rebanhos,
Viu passar a idade de ouro.
Passado tempo, a ambição,
Em sua mente retrata,
Planos de força e domínio,
- Foi essa a idade de prata.
Surgiu então a discórdia,
Desunindo a humanidade,
Invento de armas, a conquista
Tornou-se de bronze - a idade.
Ódios funestos, a vingança
Da guerra, o mundo sinistro erro,
Sem liberdade e sem paz
Passou a idade de ferro.
Seguiram-se outras idades
Ao mundo em evolução,
Trazendo a do Cristianismo
A luz da civilização
* * * * *
MONSTRUOSIDADE
As noções mais perfeitas e mais justas
Do humano raciocínio, sobre a terra,
Conjugando opiniões sábias, robustas,
Consideram - monstruosidade - a guerra.
Afronta à civilização e às augustas
Afirmações que a religião encerra
Odioso conflito de ambições injustas
Que o direito implanta e a paz desterra
Adverso ao princípio humanitário
Das instituições democráticas fraternais,
Do progresso eliminando efeito solidário
A guerra - monstro horrível e tenaz
Alimentando o instinto sanguinário
O trabalho dos séculos abate e desfaz
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O poema e o soneto são de autoria de MARIA CÂNDIDA DE JESUS CAMARGO. Esta autora nasceu na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná, no dia 06 de agosto de 1868, onde foi educada; nasceu no apogeu do período literário que conhecemos como Romantismo, contudo, desenvolveu o gênero parnasiano,sobretudo por intermédio dos sonetos. E, mesmo sendo contemporânea do modernismo e de boa parte do pós-modernismo brasileiro, ele preferira ficar fiel à estrutura parnasiana.
Professora por vocação, exerceu o magistério em Jaguariaíva, Ponta Grossa, Prudentópolis, Cerrado e Morro das Pedras, município de Imbituva, até 1919, ano em que se aposentou, passando a residir em Jaguariaíva.
Colaborou na imprensa do Estado do Paraná, sob diversos pseudônimos: "Stella Maria", "Miriam", "Stella de Jesus", "Aimar", entre outros, e teve seus versos publicados em revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Nada revela melhor a poeta, que esta sua autobiografia em forma de soneto:
MINHA VIDA
Não ambiciono o farfalhar das sedas,
nem o brilho das pedras preciosas;
nem passeio por vastas alamedas
ou luz de asfalto em noites calorosas.
Nem do capricho as armadilhas tredas
envolvem-se nas redes ardilosas...
amo o sossego dessas noites ledas
íntimas festas, suaves, jubilosas.
Não invejo a riqueza requestada,
a vida quero simples, recatada,
e que o mundo ignore que eu existo
O que mais eu adoro e o que me encanta
é a poesia singela, pura e santa
de uma frase evangélica de Cristo
MARIA CÂNDIDA DE JESUS SANTOS morreu, aos 86 anos de idade, no dia 11 de agosto de 19849.
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