terça-feira, 8 de julho de 2008

SONETOS XII [© DE João Batista do Lago]

SONETOS XIII



© DE João Batista do Lago



Sustentas tua ignomínia como vértebra sacral

Teus atos e palavras são punhais de corações

Neles não há dó nem pena. Há conjurações

Que se refestelam nos salões do teu umbral



Velas a miséria humana qual corvo astuto... Faminto.

Esperando que logo a carne se faça verbo podre

E assim possas saboreá-la como mel de absinto

E confortá-la no âmago a melancolia que te faz pobre



É dessa tenaz amargura que te pensas nobre

Sem ao menos saber de ti a grandeza fútil

Revelas ao final o ser que resta para ti inútil



E ao final de tudo resta o todo-ser de pobre grandeza

Apenas corvo faminto regurgitando sua nobreza

Posto que incapaz de ser será refém de eterna pobreza


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