quarta-feira, 16 de julho de 2008

Coleóptero [© DE João Batista do Lago]

Coleóptero

© DE João Batista do Lago

Vasto-me de indivíduos-inseto
Desde a planície ao planalto
Vago em vôos rasantes
Perscrutando a presa fácil
Que me servirá de covil
Onde nem veredas mais há
Neste deserto que um dia foi floresta
- floresta de pau-brasil!

Vasto-me, assim, Coleóptero!
Voando com asas de estojo
Entre as éticas e as virtudes
Enfim, é preciso esconder o nojo
Que de mim fede como joaninha
Perfume de colarinhos brancos
Já encardidos pelas roubalheiras
- desta floresta jaz uma nação inteira

E de tantos indivíduos-inseto
Vasto-me não-conspícuo
Na inclareza das identidades
Sem ter por certo a pureza de formar
Desde a planície ao planalto
Uma nesga firme de caráter
Que me revele sujeito capaz de ter
- desta floresta! - toda virtude; todo poder!

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