terça-feira, 30 de janeiro de 2007

DAVOS


DAVOS

Por João Batista do Lago

...e assim calo o meu silêncio,
já tão calado
e tão sofrido,
diante do discurso alegre,
miseravelmente alegre,
dos senhores
donos do mundo,
agora amedrontados
com a hipótese do fim.
...e assim escorrego para dentro de mim,
o mais profundo possível,
para esconder-me das migalhas sobrantes
do banquete hegemônico da dominação,
da farra verberante de enganação
que irá flagelar povos e nações,
num novo modo de enriquecimento
transformando o presente momento
em “belos” discursos de novas flagelações.
...e assim, povos e nações
continuarão reféns do empobrecimento,
sem notar o enredo do esquecimento,
sem perceber a marcha do enriquecimento
que há por trás dos grandes discursos,
sambas-enredos dos carnavais do mundo,
onde o cidadão não passará de mero vagabundo,
modo de produção da dominação
dos senhores comensais donos do mundo.
...e assim o eco – sem eco –
das multidões, enfim,
aceito no banquete dos ricos comensais
será comido como sobremesa,
mas expelido será, como estrume
que adubará o pomar da riqueza,
que irá produzir povos e nações
- belos frutos de miséria e pobreza -
reféns de ricos senhores produtores de dominações.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

SONETOS

Homo I

O pós-moderno vigente
Continua sempre latente
Na fala desse ser ausente
Sem linguagem poente

O pós-moderno da gente
Transcende o ser imanente
Dá-lhe a fala de um crente
Toma-lhe a linguagem da mente

O pós-moderno assim somente
Desfaz a razão consciente
Dá vida ao homem carente

Das cidades cheias desses viventes
Tolos autônomos dependentes
Pobres humanos inconscientes

Homo II

Este parido de Gaia vai vivendo
Trôpego humano segue sofrendo
Antrópico espírito em si crendo
Mata a Natureza que pensa tendo

Tolo homem que vai si morrendo
A cada espécie por ele desaparecendo
A cada desesperar do mais querendo
Fazer-se dono supremo num crescendo

Aos poucos neste seu atuar horrendo
Inconsciente sua tragédia vai fazendo
Na desrazão do novo sempre nascendo

O epíteto de toda geração morrendo:
“Que se dane a gente transcorrendo
a mim interessa mais e mais rico sendo”

Homo III

E neste claro nominalismo recalcitrante
Segue só este louco homem construindo
Sua ganância que a Natureza vai destruindo
Sem permitir às novas gerações que vão surgindo

Que a paz construa nos homens o verso lindo
E em cada ser do novo ser se vá obstruindo
A louca chama de guerras que se estão evoluindo
Nos campos dos petróleos se estão consumindo

Tolos são esses senhores donos do mundo
Perdeu-se a razão feito assassino vagabundo
Perdeu toda a Ciência o bem mais profundo

De garantir ao homem deste novo mundo
A sina de não ser apenas retirante moribundo
Deste universo que de ser em mim se faz fundo

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

SIMBIOSE

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sábado, 13 de janeiro de 2007

Equus est...

Fonte: http://horabsurda.com/moodle/
Por João Batista do Lago

Ah, os cavalos! Tão belos... tão sensuais!
Símbolo de deuses... e de todas as deusas!
Representantes de todas as belezas
Troféu de vencedores sobre os vassalos
Assim são os cavalos!
Fiéis adversários de homens – e de deuses
Encantantes de todas as musas – e de mulheres
Estética da força e da potência
E das fêmeas toda vontade de querência
Assim são os cavalos!

D’outro e deste lado dos mares
As Náusicaas de Ulisses reúnem
Nos seus muitos cantares
Seus sonhos em belos vagares
E ofertam-nos aos seus cavalos
Deixando aos homens – esses vassalos –
A perfídia de não serem cavalos...
De apenas serem vulgares humanos
Por isso não são homens capazes
De serem amados como os muares

Ainda que somente em sonho fosse
Quem me dera poder ter-te sobre o torso
Ungir teu sexo na minha pele... no meu corpo
Viajar contigo sobre os mares toda volúpia
Sobrevoar para além dos ares
Até atingir o paraíso dos amores
Até nos extasiar de gozos cavalares
Ah, que bom seria ser-me Centauro!
Assim não sentiria culpa de ser vassalo
E assim seria teu amante... Teu homem-cavalo

(Esses tão-prazerosos gozos por cavalos
faz-me deles todos ter ciúmes...
Mas ciúme é representação da mente racional,
aparência tão-somente do homem animal.)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

HOMEM LOBO LOBO-HOMEM

DITIRAMBOS

Amanheço com nítida sensação
De vitória a qualquer custo
Não importa em quem o susto
Aos porcos, a carne;
Meu troféu: a pele do leão.

Que me importa o pobre,
O miserável cidadão?
Esse tipo de gente “nobre”
É “filé” de toda religião...
Danem-se, pois, no inferno cristão.

E assim aconteça em toda região
Danem-se restos humanos
Dane-se o pagão; dane-se o cristão
Que importam ambos?Da vida são apenas ditirambos.

LOBOS

Os lobos caminham em procissão
Pelas ruas da cidade vagam
Como sombras inatas
É uma multidão de nadas
São apenas lobos
Lobos de gente
Lobos sem almaLobos carentes

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

POESIAS LATINAS

Ennoblecido corazón

Joao Batista Lago

En esta tierra de Dios
En este solo amado
Pero desmigajado
Apartado y desvergonzado
Cambia el hombre por lo bajo
Dominio de la globalización
Recogido por los imperialistas
Colonialistas de los pueblos
Sur-latino-americanos.
Sin embargo los hombres
No se quedaram jamais
Adelante la invitación engañosa
De los brujos de la mercancía
De los espíritus reales.
Nuestros hermanos carnales
En nosotros es ennoblecido corazón
Que se acuerda a la revolución
Como una invitación a la fiesta
De la libertad y de la liberación
De todos los jugos asombrosos
Haciendo así del sueño
El nuevo hombre calificado
En mirar el nuevo mundo.
Mi patria es la tierra
Sur-latino-americana
Mi corazón es la tierra
¡Brasileña!

Circular a mis hermanos

Por João Batista do Lago

Hermanos del mundo
La expansión engañosa
La felicidad ilusoria
Ofrecida a nosotros
Hace mucho tiempo
Queda nuestra morada
Desandando nuestras vidas
Asesinando nuestras esperanzas

Hermanos del mundo
La muerte da Gaia
Es el fallecimiento de nosotros...
Con la muerte de Gaia
Fallecemos con ella
Quedados ante la fiesta desgraciada
De hombres carrascos
Productos del capitalismo cruel

Hermanos del mundo
Llanamente morimos...
Que hacer delante de los carrascos?
Asesinos indomables del pueblo...
Que hacer hermanos del mundo?
Esperar por Dios? Oh, no!
Dios no Es responsable
Por la miserabilidad e ganancia

Hermanos del mundo
La invitación es forzosa
Clama a detenerse la muerte da Gaia
Clama a evitarse la muerte de los hijos – nosotros
Clama a vencerse la ganancia
De los brujos capitalistas
Señores de la miserabilidad
Asesinos de la humanidad

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

PASSAGEM DE ANO

Por João Batista do Lago

O céu da cidade brilha
Fogos coloridos dançam no ar
É um balé de fogos em explosões
Manifestação de corações
Que se juntam no tim-tim de taças
Cheias de vinho e esperanças
Vazias na hora seguinte dos abraços
Revelam o novo ano das desgraças
Que se eternizarão nas massas

Adeus Ano Velho!
Feliz Ano Novo!

E assim o eterno decadente povo
Arrimo da existência perdida
Festeja nos banquetes sua diáspora
Esquece toda dor... toda miséria sofrida
E embriaga-se de novos sonhos
E adormece sua consciência
E cala sua guerra na paz conveniente
E aceita o “ora pro nobis!” convincente
Que consome toda alma e toda mente

Adeus Ano Velho!
Feliz Ano Novo!