EU, MITO!
© DE João Batista do Lago
Os meus mitos
Estão insatisfeitos.
Não lhes tenho gerado,
Da lavoura do meu ser,
O alimento capaz
De os fazerem divinais
No Olimpo do meu caos.
Há muita desordem
No céu dos meus deuses;
Há muita digladiação.
No átrio da minha fortaleza
Mantenho a espada em riste:
Tentativa abstrata duma
Defesa de nadas!
Meus mitos não querem acreditar
Que os estou renegando!
Mal sabem eles da
Desgraçada sorte...
Ainda não descobriram
Que os condenei à morte:
- em mim estão encarcerados.
Roubei-lhes todo o poder.
Agora, antropofágico
– como um ciclope –,
vejo-os com o olhar uníssono
do supremo humano-deus-ser,
apenas sementes dialogais,
que vou plantando pelos campos seminais.
Assim estão todos os meus mitos:
Condenados aos meus suplícios;
Que lhes imponho sem perdão qualquer
Para que saibam que de mim não zombarão,
Pois deles apreendi o segredo (e)
Tomei por mulher minha mãe – Pandora! –
Que me gesta no ventre do caos agora.
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