sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

EU, MITO!

EU, MITO!

 

© DE João Batista do Lago

 

Os meus mitos

Estão insatisfeitos.

Não lhes tenho gerado,

Da lavoura do meu ser,

O alimento capaz

De os fazerem divinais

No Olimpo do meu caos.

 

Há muita desordem

No céu dos meus deuses;

Há muita digladiação.

No átrio da minha fortaleza

Mantenho a espada em riste:

Tentativa abstrata duma

Defesa de nadas!

 

Meus mitos não querem acreditar

Que os estou renegando!

Mal sabem eles da

Desgraçada sorte...

Ainda não descobriram

Que os condenei à morte:

- em mim estão encarcerados.

 

Roubei-lhes todo o poder.

Agora, antropofágico

– como um ciclope –,

vejo-os com o olhar uníssono

do supremo humano-deus-ser,

apenas sementes dialogais,

que vou plantando pelos campos seminais.

 

Assim estão todos os meus mitos:

Condenados aos meus suplícios;

Que lhes imponho sem perdão qualquer

Para que saibam que de mim não zombarão,

Pois deles apreendi o segredo (e)

Tomei por mulher minha mãe – Pandora! –

Que me gesta no ventre do caos agora. 

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