terça-feira, 18 de novembro de 2008

SALMO DA ANGÚSTIA [© DE João Batista Lago]

Salmo Da Angústia

© DE João Batista Lago


Corpo! Corpo! Corpo!

Infra-estrutura do existir;

dialética dos desejos;



forma da matéria médica;

metafísica da justiça;

igreja de toda semiótica.



Um corpo tão assim:

prenhe de significados (e)

de significantes…



estética da beleza, do amor e da virtude

revela em toda sua vicissitude

o infortúnio duma morada ignota



Ó corpo, único real do existir

corpo que me encorpa a ossatura

num corpo que me mora como casa…



quanto tempo restará da desventura

da poeira concentrada?

Da astúcia dum viver sem ter morada?



Ó corpo!

Corpo que me arrasta pelo espaço (e)

que me tem como leme vagabundo



na proa dum tempo sem sentido

funde esta nau de condenados

no espectro do mar dos desesperados



Não te quero mais sentir,

ó corpo meu… meu corpo – minha casa

Afasta de mim esse cálice



Faz com que meu corpo cale-se

da angústia de todos os desejos…

Faz com que ele alce a taça da virtude

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