sexta-feira, 7 de novembro de 2008

POEMA SEM-CARAS

POEMA SEM-CARAS

© DE João Batista do Lago

Quando eu nasci
Anjos anunciaram
Por toda parte:
“Nem la gauche
nem la droite serás.
Teu destino é ser fractal.”

E assim fui jogado no mundo:
Como um vagabundo
Sem rumo e sem eira,
Sem leira nem beira
– apenas um debulhador
de besteira –

Não terás faces:
Nem uma,
Nem sete;
Mas todos os olhos
Marejados de Nada
No bordel do condenados.

Teus versos serão quebrados:
Não terão lados, mas
Todos serão quadrados
No espaço da esfera
Duma só palavra que vocifera
A natureza dos amargurados.

“Vai. Não sê gauche na vida!”
Trombetearam os anjos.

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