POEMA SEM-CARAS
© DE João Batista do Lago
Quando eu nasci
Anjos anunciaram
Por toda parte:
“Nem la gauche
nem la droite serás.
Teu destino é ser fractal.”
E assim fui jogado no mundo:
Como um vagabundo
Sem rumo e sem eira,
Sem leira nem beira
– apenas um debulhador
de besteira –
Não terás faces:
Nem uma,
Nem sete;
Mas todos os olhos
Marejados de Nada
No bordel do condenados.
Teus versos serão quebrados:
Não terão lados, mas
Todos serão quadrados
No espaço da esfera
Duma só palavra que vocifera
A natureza dos amargurados.
“Vai. Não sê gauche na vida!”
Trombetearam os anjos.
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