terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O PASSO

O PASSO

© by João Batista do Lago

Restam-me (ainda) sons e
vozes dos passos,
descompasso da insensível
mordaça dos cascos,
desalinho que a cada passo
lança no espaço, no
coração da consciência,
toda arrogância do poder.

Não estou de todo livre dos
passos. Descompassos!
Como rastros (ainda) se alastram!
Sons de cascos reverberam
noutros espaços; noutros lugares…
passos que passam no passo de cascos;
galope que fere com aço a liberdade, fere de
morte a justiça, o direito – toda dignidade.

Não calem as consciências,
nem as canções;
não calem os cantores,
nem os poetas;
não calem as telas,
nem os pintores.
Se calados ficarem
morrerão as flores!

Calem os sons dos passos,
párem a tropeada dos cascos,
estanquem o galope dos aços…
A paz não pode ter espaço para o
cangaço da intolerância,
nem a guerra pode viver como
metáfora da esperança. Dai, pois, o passo.
Sim, mas o passo de uma criança.

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