Por João Batista do Lago
Não me ofereçam
a “nolontade”
como prêmio
perene de verdade
Do mundo tenho
apenas o meu corpo
No mundo tudo mais
é representação
O amor: pura ficção
apenas vontade de viver
A felicidade: pura ficção
apenas medo de sofrer
[...]
Mas
porventura
não sou feito do insano
matéria da dor
alma da irracionalidade?
[...]
Ah, a ausência
não tem essência
mesmo na representação
não tem consciência
é pura vida de anulação.
Afasta de mim esse cálice
de nolontade
de escravidão da verdade
Apesa de toda chatice
quero a vida vivê-la
com intensidade
sem pensar jamais morrê-la
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
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2 comentários:
"Afasta de mim esse cálice
de nolontade
de escravidão da verdade
Apesa de toda chatice
quero a vida vivê-la
com intensidade
sem pensar jamais morrê-la."
********************************PERFEITO!
LINDO!
PROFUNDO!!!!!
................Saudacoes AMIGAS!
Heloisa
*********
Ah... ao ler-te porque me recordei deste poema que te deixo?!
"Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.
Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...
– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos..."
(Excerto de "Um Sonho", Poema de Eugénio de Castro)
Com um abraço de Boas entradas em 2007 e um sorriso do tamanho do Mundo...
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